quinta-feira, 3 de julho de 2008

Os homens e a eletricidade


O trem nem tava täo cheio. A mäe dele morreu de cancer ele nem sentiu raiva. S'o nao sabia o que fazer com o tempo. O que eu tinha horror, ele se apoiava. Mas ele lavava roupas como eu e acreditava no amor de uma 'unica mulher. E a gente tava em Paris e tava frio, mas Paris nem existe e eu brigando com a fome e com meu corpo. Ele 'e de Sarajevo, mas Sarajevo tambem nao existe. Exite um homem bonito e gentil sentado bem na minha frente e olhando fundo nos meus olhos. Onde nao tem casa, tem um par de olheiras e a pele estourada.
O Ratatuilli 'e gentil no fim das contas. Me acha bela-grega ou italiana?- pas brazilienne. O homem que eu pensei que fosse mal humorado me ofereceu café. Disse que eu era bela e se lembrava da minha voz falando frances- e do meu sotaque- pour l'accent. Mergulhei meu päo no cafe-no segundo cafezinho- que o homem frances que eu pensei que fosse mal humorado me ofereceu na cozinha da pensao que ele 'e dono. Nao sera dificil eu me casar pois eu era bela e entao me deu outro caf'e mesmo eu dizendo que nao precisava. Nao era flerte, nao mesmo. Era café ,e pra mim menos, 16 euros e a descoberta de que o homem enfim era gentil. Eu em Paris, toute seule, sozinha.
Andei bastante nas ruas de Paris de salto alto pra encontrar um homem que me ajudou a lavar roupas. Estava bem frio, mas como pode se ontem fazia um calor de matar? Mas é assim mesmo ..quem liga realmente pra metereologia? Näo eu, nao ligo mesmo. Nem um pouco.
Os amigos dele se espalharam todos, todos, o amor se perdeu, sem eletricidade. Mas aquele outro menino que viveu sem eletricidade ate os 11 anos 'e muito, muito sexy. Estavamos l'a os dois sentados, um na frente do outro. Os dois passaram por guerras pra justificar a liberdade amea'cada 'as avessas. Depois a gente saiu correndo pra estacäo de metro, Les Halles. Quando o meu trem estava chegando ele disse que sentiria minha falta. Ele disse mesmo.
Nada como dormir em Paris , alguma coisa acontece comigo quando estou aqui. Alguma coisa que nao quero nem entender. Deus me livre entender tudo isso.
Sempre, sempre, todas as vezes , sem execessäo que ele beijava a minha boca, eu amolecia.
Eu nem sabia, mas me vingo dos homens por gostar tanto deles.

2 comentários:

Carlos Bauzys disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Bauzys disse...

Claro que você sabia. Sempre soube!
Eu é que não sabia que a vingança ia tão longe.
Continuo amando o que você escreve. Bjos